sábado, 13 de junho de 2009

NOITES NUAS

Essa vida torta
no meio de coisas mortas
destino mero acaso.
Essa mulher picotada
em desenhos de giz
quadro sem moldura
parede nua
casa sem quintal.
Essa mulher coisa pouca
coisa e tal,
dita louca cabisbaixa
relento no vasto mundo
luz acesa pintada
Quarto nu
nua no quarto
em poesia flutuante
quão descende
indecente sem conteúdo.
Essa boca muda,
esse olhar ictérico
essa muniria simétrica
escuda,
curta mulher desnuda
sem quimeras
essa vida tacanha
no rastro do sol
Meu homem.
Essa mulher
em conflito
enquanto o baticum
do peixe frita
espreita a brasa a sua procura
Esse que titubeia
rodeando felino
com seus caninos afiados
indolor
anestesiados
Nesse pouco momento
Mulher objeto
procura a tênua folha
a escrever-te a pele
com tintas de amor.

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