sábado, 13 de junho de 2009

NUA E CRUA

Despida de todo desejo carnal
Amontôo meu corpo devasso no chão ríspido
E recurso esquecer-te em deixas de outra carne espreita
Que acelera hormônios e expulsa a fragilidade...
Deitada toda a reputação de mulher recatada
Catando do chão desnudo a sensibilidade da brisa
Que adormece os poros encharcados de suor e a agonia
Da mórbida ausência que você deixa na essência
Do teu cheiro viçoso a reinar na puberdade de todas as idades
Vividas na mesma mulher amante...
A pureza entranhada pelas frestas do corpo
Requer um ato simbólico cuja agonia dilata dias e noites
Na dimensão que só tuas carnes sabem consolar a ânsia afoita da fêmea
Acostumada aos teus caprichos e deleites de homem e gostos apurados...
Despida e estilhaçada ao chão mórbido, ouço soluço
Do pobre pássaro noturno, que ao invés de cantar geme,
Convidando amores clandestinos á deitarem nas redes expostas
E avistar o lual que despido canta pra noite que também geme...
Coitado do pássaro, que de tão triste o peito explode nessa cantoria,
Pobre e sem platéia, e adormece o sono no céu...
Despida e adornada pelo corpo másculo
A mulher crua geme o soluço do pássaro e canta tristemente
A melodia da noite que implora esse homem do qual vive deitado na sua mente dormente e
Deitado eternamente na sua vida ,e que do canto da sala nua,
Rir debochado da paixão selvagem da pobre mulher ao relento
Desse mórbido amor cruel...
Despida de peles amontoadas pelo chão molhado de suor e gozo
As vestes cinzentas encharcadas cobrem o corpo nu
Deixando as peles fêmeas estilhaçadas, omissas ao sofrer insano
Da carne crua...
Da pele nua...
Da alma da noite, do pássaro, da mulher...
Defronte a poetisa, um papel branco
Vai-se manchando de letras tremulas
Uma lágrima mor ma escorre
E cai no tinteiro
Dizendo que a paixão não tem limites
Escrever... Eternizar... Escrever nua na folha em branco.

Bárbara Perez

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